sexta-feira, 8 de outubro de 2010

Com otimismo em alta, indústrias retomam projetos

Expansão de investimentos atinge 26,5%, maior taxa em 14 anos. Empresas ampliam capacidade de produção



SÃO PAULO. Líder do mercado brasileiro de semicondutores de potência (usados na fabricação de equipamentos eletroeletrônicos), a Semikron vai reduzir o espaço ocupado hoje por sua área administrativa.

Crise, demissões em massa? Nada disso: para dar conta das encomendas, 40% acima do volume registrado em 2009, a empresa decidiu mudar o layout de sua fábrica para aumentar a área industrial. A solução encontrada foi cortar pela metade o espaço físico ocupado pelos funcionários de retaguarda.

— Vamos nos espremer um pouquinho, mas será por uma boa causa — afirmou o gerente financeiro da companhia, Paulo Lagazzi.

O desempenho da Semikron é uma amostra prática dos números divulgados ontem pelo IBGE, que mostram uma expansão de 26,5% nos investimentos (formação bruta de capital fixo) no segundo trimestre, frente aos três primeiros meses do ano, a maior taxa da atual série histórica, iniciada em 1996.

No segundo trimestre, o volume de investimentos no país somou 17,9% do PIB, taxa superior à registrada no mesmo período do ano passado (15,8%), porém ainda abaixo dos níveis recordes de 2008, antes da crise financeira internacional, quando a taxa ficou em 18,4% no segundo trimestre.

No caso da Semikron, o plano de investimentos, engavetado no ano passado por causa dos efeitos da crise financeira internacional, foi retomado.

Os desembolsos este ano chegarão a R$ 1,5 milhão, em linha com o registrado em 2008, antes da crise. A empresa, que já trabalha utilizando 90% de sua capacidade instalada, decidiu abrir um quarto turno de produção de diodos de baixa tensão.

Votorantim Cimentos vai abrir 8 fábricas e investir mais R$ 5 bi A Lupo, tradicional fabricante da área têxtil, é outro exemplo do novo ciclo de investimentos. Apostando na recuperação do mercado interno (que responde por 94% do sua receita), a empresa decidiu dobrar seus desembolsos — dos R$ 18 milhões em 2009, para R$ 37 milhões este ano. Desse total, 70% estão sendo usados para a compra de máquinas, principalmente para a produção de roupas esportivas.

O objetivo da Lupo, que tem fábrica em Araraquara, no interior paulista, é expandir em 15% sua capacidade de produção em relação a 2009, quando confeccionou 90 milhões de peças.

— Vamos faturar R$ 570 milhões neste ano. Queremos chegar a R$ 1 bilhão até 2013, o que significaria um aumento de 120% em relação a 2009 — disse o diretor comercial da Lupo, Valquírio Cabral Jr.

Beneficiada pelo crescimento do setor imobiliário e pela perspectiva de novos projetos de infraestrutura no país, a Votorantim Cimentos anunciou em abril a ampliação do seu projeto de investimentos de 2007 a 2013. Além das 14 fábricas já em operação ou em construção, a empresa definiu a abertura de mais oito unidades, elevando para R$ 5 bilhões o valor total de gastos no período. Quando todas entrarem em operação, a partir de 2013, a capacidade de produção pulará das atuais 27 milhões de toneladas para 42 milhões de toneladas ao ano.

Segundo o presidente da Votorantim Cimentos, Walter Schalka, a estratégia é operar com uma “ociosidade estratégica” e se “antecipar à crescente demanda por materiais básicos no país”. A companhia tem hoje uma fatia de 40% do mercado nacional.

Aguinaldo Novo – O GLOBO

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